"Ainda estou aqui" - a vida perante a suspeita

O olhar que o cinema consegue fazer perante os acontecimentos é indescritível. É por isso que gosto tanto desta arte, da sua capacidade de fazer tocar nas pessoas.
Ainda estou aqui é uma obra que faz jus ao seu nome. Ainda estou aqui perante a realidade dos acontecimentos. É um filme que conta a história de uma família de classe média alta a viver no Rio de Janeiro no final de 1970 durante o período da ditadura militar.
Uma família feliz, que vive bons momentos e uma vida descontraída. Até que o pai Rubens Paiva é chamado para prestar esclarecimentos aos militares. Foi aí que a história desta família deu uma volta de 180 graus.
A mãe Eunice Paiva, brilhantemente interpretada por Fernanda Torres e com uma nomeação para o óscar de melhor atriz principal, é também chamada para ser interrogada. É no seu rosto que vemos o seu desconforto ao ver que os seus amigos e o seu marido estavam envolvidos na luta contra a ditadura.
Eunice é o rosto desta família, que ficou completamente destroçada após a detenção do marido Rubens Paiva de quem mais não souberam nada.
Ainda estou aqui é um retrato duro da ditadura militar no Brasil, de como uma família pode ficar destruída. É um filme capaz de nos inquietar sobre o que se sucedeu, que nos faz sentir vigilantes, atentos ao que se vai passar.
É com muita alegria que vi a sua nomeação para o óscar de melhor filme estrangeiro e surpreendido pela positiva com a sua nomeação para o óscar de melhor filme. Esperemos que, entre as três nomeações, consiga levar alguma estatueta para casa.