"O cabo do medo" - o perigo da vingança

A vingança já serviu de mote para a construção de obras cinematográficas. Parece que é um sentimento tão forte, tão imponente, tão letal que cria incómodo no espectador. O cabo do medo é um filme que provoca isso mesmo.
O filme incide sobre a figura de Max Cady, interpretado por Robert de Niro, que foi condenado a 14 anos de prisão por violação e, depois de ser libertado, procura vingança contra o seu antigo advogado Sam Bowden, interpretado Nick Bolte, acusando-o de não ter defendido da maneira correta durante o seu julgamento e ter escondido alguns factos que poderiam ter evitado esta condenação.
A partir daí surgem várias ações por parte de Max sobre Sam e a sua mulher e filha, de modo a tentar-se aproximar da vingança que pretende. Claro que nem sempre do modo que quer, mas a verdade é que, ao longo do filme, fica cada vez mais perto do seu objetivo.
Max é uma figura vil, dura, fumadora e que treina musculação. Na prisão leu várias obras de literatura e direito, que o fizeram perceber mais sobre a figura de Deus e sobre a injustiça que é ter estado preso tanto tempo. Perante isto vai se tornando cada vez mais agressivo e demonstra essa agressividade junto de Sam e da sua família.
O filme ganha notoriedade pela figura de Max ser tão repudiada, ser tão má. É um psicopata inteligente e capaz de tudo para alcançar o que quer. Nele percebemos a sua sede de vingança e o quanto quer se vingar pelo que lhe aconteceu.
Com recurso a cores fortes e contrastantes o filme consegue utilizar bem a imagem para transmitir a sua revolta tanto de Max como de Sam, cada vez mais insatisfeito pelas perseguição de Max.
O cabo do Medo é realizado por Martin Scorsese, que sai da sua rota habitual de filmes de ação, de histórias fortes ou histórias que nos faça refletir para criar um thriller simples e precioso.
O filme marca a sétima colaboração à data entre Martin Scorsese e Robert de Niro, valendo ao ator uma nomeação para o Óscar de melhor ator principal.